Artigos | Com Portal do Sistema Fecoagro | 06/06/2017 17h03

O problema do milho continua!

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A preocupação com a produção do milho está presente além-fronteiras. Os baixos preços do milho na presente safra continuam preocupando o setor de produção. O aumento expressivo da produção no Brasil, com as perspectivas de colheita de quase 100 milhões de toneladas, e tendências de boas safras nos demais países produtores, continua segurando e até derrubando os preços e provocando decepções aos plantadores do cereal.

Em SC, tradicional importador de milho de outros estados e países, os preços estão baixos e as agroindústrias e consumidores do produto estão se aproveitando da situação para tentar reduzir os prejuízos que tiveram no ano passado, quando pagaram até R$ 60,00 o saco, totalmente fora da capacidade de absorção pelos setores de carnes e de leite.

Na última semana, em viagem empreendida pela Fecoagro e o secretário de Agricultura, Moacir Sopelsa, ao Paraguai, foi identificado o mesmo drama para os produtores daquele país. Agricultores paraguaios não estão recebendo mais do que R$ 15,00 por saco de milho, portanto, abaixo dos custos de produção.

Como se sabe, agricultores do Paraguai têm custo maior, pois os fertilizantes enfrentam custo elevado, uma vez que o frete pago nas suas importações superam US$ 50 dólares por tonelada, já que tem que importar o produto do Brasil. Esse reduzido preço do mercado tem forçado o produtor paraguaio não vender a sua produção aguardando por reações nos preços.

SC, tradicional importador de milho do Paraguai, não está concretizando negócios por falta de interesse de venda. Cálculos feitos por agentes de mercado dão conta que se trouxer o milho do Paraguai aos preços atuais equivalem aos preços de produção interna, inviabilizando importações.

De outro lado, a preocupação na área de produção, ‘tanto lá, como cá’, é sobre o futuro das lavouras de milho. Com esses preços são desestimulantes poucos agricultores estão interessados em plantar milho na próxima safra de verão. A consequência poderá ser desastrosa para 2018. A falta de milho poderá levar ao mesmo problema do ano passado.

O secretário Moacir Sopelsa está articulando para que agroindústria e consumidores de milho se alertem e tentem valorizar mais o milho e remunerar condignamente o produto para estimular o plantio.

Análises de agentes do mercado dizem que a produção mundial do grão está bastante ajustada com o consumo e qualquer alteração climática na época de plantio e desenvolvimento das lavouras, principalmente nos Estados Unidos, poderá provocar redução de colheita e, consequentemente, aumento de preços.

A sistemática imediatista dos consumidores de milho de comprar ‘da mão para boca’ é muito arriscada e, para tanto, está reeditando o Programa de Incentivo ao Plantio com vendas antecipadas, porém, para isso, a outra ponta também precisa aderir e não se nota interesse nessa modalidade.

Se não houver compreensão das duas partes, de quem produz e quem consome, praticando preços competitivos com a rentabilidade, poderá provocar desestímulo ao plantio e o futuro dos preços só Deus sabe.

O esforço do Governo do Estado e das cooperativas em viabilizar o incentivo ao plantio de milho é permanente, mas parece que a ponta consumidora está pouco interessada nisso. Vamos ver quais os próximos passos desse problema, mas se continuar assim nessa incompreensão, vamos aguardar para ver quem será o perdedor do negócio. Pense nisso!

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