Governo cobrará recuperação da Malha Oeste para explorar corredor com cargas interregionais
Projeto de médio e longo prazo, o Corredor Ferroviário Central, unindo os postos de Santos (Atlântico) e Ilo (Pacífico), no Peru, é uma alternativa de transporte que pode ser operada de imediato por Mato Grosso do Sul, a partir da recuperação da Malha Oeste – entre Três Lagoas e Corumbá. Esta é a proposta do Governo do Estado, ao reiterar junto ao governo federal a garantia dos investimentos da concessionária ALL/Rumo.
Ao participar da apresentação do projeto do corredor ferroviário pelas autoridades bolivianas, em reunião com o governador Reinaldo Azambuja, nesta segunda-feira em Corumbá, o secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, disse que o Estado pode se beneficiar da nova alternativa de transportes antes mesmo da conclusão da ligação Santos-Ila. Ele lembrou que não é uma ferrovia ponta-a-ponta e já existe a ligação ferroviária com Santa Cruz, na Bolívia.
“O projeto do novo corredor consolida a política do nosso governo de estreitar relações com os países vizinhos, principalmente com a Bolívia. Essa decisão estratégica já nos permitiu avançar muito e hoje temos uma forte relação comercial com o Paraguai. Enquanto os investimentos para o corredor não chegam, podemos operar a ferrovia até Santa Cruz de La Sierra levando e trazendo cargas, e para isso é fundamental a recuperação da Malha Oeste”, destacou Verruck.
Segundo o secretário, os investimentos na Malha Oeste, com o projeto boliviano, agora se tornam imprescindíveis e acentuou que o governador Reinaldo Azambuja vai redobrar esforços no sentido de obter uma resposta concreta do governo federal. Ele lembrou que mais de 60% dos dormentes da ferrovia estão podres, traduzindo o grau de sucateamento de uma malha ferroviária vital para o desenvolvimento regional.
Antofagasta
Verruck disse que Mato Grosso do Sul será diretamente beneficiado pelo novo corredor bioceânico ferroviário com a redução do custo de transporte de seus produtos, que hoje chegam à Europa e Ásia pelos portos de Santos e Paranaguá. Pelos trilhos da ferrovia Santos-Ila, o Estado exportará, entre outros produtos, combustíveis, carne, celulose e vergalhões, que hoje chegam à Bolívia pela Hidrovia do Paraguai, via Porto Murtinho, e rodovias em território boliviano.
O secretário citou ainda que a recuperação da Malha Oeste vai possibilitar que o Estado avance ainda mais na integração comercial com a Bolívia, enquanto se construa o último trecho da ferrovia boliviana até o porto de Ila. Uma das alternativas seria chegar aos portos de Antofagasta, no norte do Chile, usando as conexões da Ferrocarrile Boliviana com a Argentina (Salta). Esse trecho ferroviária já opera, a partir de Santa Cruz de La Sierra.
Estratégico
O ministro boliviano Milton Carlos Hinjosa (Obras Públicas, Serviços e Habitação) disse ao governador Reinaldo Azambuja, ao apresentar o projeto do corredor ferroviário, que a participação do Brasil é estratégica para o sucesso da nova rota e fundamental na captação dos investimentos estrangeiros para conclusão de 200 km da ferrovia, entre Santa Cruz de La Sierra e Ilo. O empreendimento está orçado em 14 milhões de dólares.
“O Brasil é um sócio estratégico para o desenvolvimento do nosso projeto. Já avançamos nas tratativas com o Peru e o Paraguai e esperamos a participação do Brasil, um mercado importante”, disse o ministro. Ele adiantou que já existem negociações avançadas com grupos empresariais da Alemanha e Suíça para investimento na conclusão da ferrovia até o Peru e acredita que o corredor se consolidará tanto para cargas como transporte de passageiros.
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