MPF investiga pagamento de propina fora da Petrobras
O juiz federal Sérgio Moro disse nesta terça-feira (7) que o Ministério Público Federal (MPF) investiga se o esquema de corrupção na Petrobras, apurado na Operação Lava Jato, se estendeu para outros setores da economia. Segundo o juiz, responsável pela investigação na primeira instância da Justiça, o MPF investiga o envolvimento do presidente da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, preso desde novembro do ano passado, no pagamento de propina fora do setor de óleo e gás.
A informação consta no pedido de esclarecimento solicitado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), para julgar o mérito do habeas corpus impetrado pela defesa de Pessoa. De acordo com Moro, o empreiteiro deve continuar preso, principalmente, pelos indícios que apontam pagamento de propina, no ano passado, quando a Lava Jato foi deflagrada.
“Obteve o MPF informação sobre o envolvimento da UTC Engenharia e de Ricardo Pessoa em ainda outro pagamento de propina em contrato público durante 2014 e em outro setor que não o de óleo e gás. Ou seja, mesmo durante as investigações já tornadas notórias da Operação Lava Jato, negociava-se o pagamento de propina por contratos públicos em outras áreas”, disse o juiz.
No documento, Moro também diz que houve tentativas de influenciar testemunhas dos pagamentos de propina, como Meire Pozza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, e João Procópio e Rafael Angulo Lopez, responsáveis pela entrega dos pagamentos.
“A testemunha, após ser arrolada, é da Justiça, interessando que fale a verdade, e não mais da acusação ou da defesa. Sem olvidar ainda que serão também interrogados não só Ricardo Pessoa, mas também coacusados, devendo-se prevenir influências indevidas entre eles para uma concertação fraudulenta de álibis ou mesmo que algum deles, desejoso eventualmente de confessar, se veja impedido por pressão indevida dos demais”, diz Moro.
Ricardo Pessoa é réu em duas ações penais na Justiça Federal em Curitiba, nas quais é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de coordenar o funcionamento do cartel entre as empreiteiras que tinham contratos com a Petrobras.
À Justiça Federal, os advogados de Ricardo Pessoa afirmaram que nunca existiu um "clube de empreiteiras" para dividir contratos com a Petrobras. Para a defesa, a acusação do MPF, na qual Pessoa é apontado como líder do cartel, é "um vazio sem fim".
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