Afinal, para onde vai o dólar neste ano de eleição?
Tentando descobrir para onde vai a taxa de câmbio? Você não conseguirá muita clareza a partir dos dois analistas que cravaram a alta do dólar no último trimestre de 2017: eles agora estão vendo a moeda se mover em direções opostas.
O Nordea Bank e o MUFG, que registraram as previsões mais precisas para o câmbio em ranking da Bloomberg, acreditam que uma combinação de eventos domésticos e globais guiará a moeda para caminhos diferentes.
O Nordea vê o dólar se enfraquecer mais de 2% para R$ 3,20, com a expectativa de que as eleições encerrarão um período de incerteza política, enquanto o MUFG vê alta de 4% para R$ 3,40, com o cenário político interno ainda confuso e um pano de fundo externo menos construtivo. Os dois se afastam da estimativa mediana de R$ 3,25 dos analistas consultados pela Bloomberg.
O real está atrás de alguns dos seus principais pares neste ano, incluindo o peso mexicano e o rand sul-africano, com chances reduzidas para a reforma da Previdência e um cenário fragmentado para a eleição presidencial de outubro.
E, enquanto o quadro global favoreceu os mercados emergentes no ano passado, uma turbulência recente afastou os investidores de ativos de países em desenvolvimento.
Natalia Setlak, analista de mercados emergentes do Nordea Bank, diz que a incerteza política deve diminuir com a proximidade da disputa eleitoral, especialmente após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região decidir pela manutenção da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reduzindo as suas chances na corrida. A liderança de Lula nas pesquisas preocupou os analistas devido a sua oposição vocal às reformas pró-mercado do presidente Michel Temer.
“A decisão recente do tribunal de rejeitar o recurso de Lula definitivamente foi um desenvolvimento positivo”, diz Setlak. “Se a reforma passar, nós muito provavelmente vamos ver o real reagir positivamente.”
Setlak projeta um enfraquecimento do dólar também em 2019 ao prever que a moeda retornará para o nível de R$ 3,10, visto pela última vez em setembro, se a reforma da Previdência for aprovada neste ano. A Câmara dos Deputados deve começar a discutir a proposta em 19 de fevereiro.
Carlos Pedroso, economista sênior do Mitsubishi UFJ Financial Group (MUFG) no Brasil, projeta um dólar mais forte. Uma política monetária mais apertada nos EUA deve reduzir a entrada de recursos para o Brasil e enfraquecer a moeda local. Além disso, a eleição manterá o risco político elevado durante a maior parte do ano e tornará novas reformas econômicas improváveis.
“O atraso da reforma da Previdência e algum eventual outro rebaixamento são eventos mais ou menos precificados”, diz Pedroso.
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