Três Lagoas | Da redação/com Assessoria | 10/07/2014 11h29

Prédio da antiga prefeitura corre risco de ser desfigurado

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Três Lagoas (MS) - O Paço Municipal Rosário Congro,prédio que abrigou por mais de cinquenta anos a administração municipal de Três Lagoas, deverá passar por reformas e será ampliado com a construção de um edifício em anexo. A intenção da administração municipal é construir um centro de atendimento, denominado de “poupatempo”, para atender o contribuinte em um único local, sem ter a necessidade de deslocamentopara vários órgãos em diferentes endereços.

De acordo com a secretária de Planejamento, Carmem Goulart, o projeto de reforma do espaço público já está pronto e a prefeitura aguarda a liberação de recursos para executá-lo. Ela informou que o projeto não prevê modificações nas características originais do prédio, já que é tombado como patrimônio histórico. Contudo, adiantou que os anexos construídos no Paço Municipal já tiveram suas características modificadas ao longo do tempo e, por isso, poderiam ser alterados. “O Paço Municipal, que é aquele saguão, será mantido e é imexível. Ali, vai fazer parte de um contexto  de maneira harmoniosa junto com uma estrutura que será reformada”, comentou.

De acordo com a secretária, onde funciona o Departamento de Cultura, assim como o Setor de Tributação e demais repartições, podem ser reformados, uma vez, segundo ela, foram “mexidos” antes mesmo do tombamento eatualmente necessitam de reforma.Carmem Goulartdisse que o projeto é complexo. Porém, embora esteja pronto, não quis mostrá-lo para a reportagem. A secretária alegou que não quer criar expectativa na população antes de ter a confirmação de que o recurso será liberado para essa finalidade.

Entretanto, o Jornal do Povo apurou que a intenção da prefeitura émodificar todo o anexo do paço municipal, com exceção do saguão. A intenção é retirar aquelas salas depois do saguão, assim como o Setor de Tributação e os corredores internos. A ideia da administração seria manter apenas o salão da frente e as laterais do prédio.

Mudança - Para o diretor do Jornal do Povo, Rosário Congro Neto, neto do prefeito que edificou o prédio na década de 40, o que está havendo é uma tentativa de “esquartejamento” da construção, que foi tombada como patrimônio histórico do município.

Congro informou que o local onde funcionaDepartamento de Tributos do município faz parte do antigo prédio, pois ali funcionavao saguão nobre do município, destinado a realização de solenidades e celebração de eventos. E, posteriormente, com o advento da instalação da Comarca de Três Lagoas, o saguão foi cedido para uso do Poder Judiciário à título de empréstimo, cujas atividades se desenvolveram no local até a construção de prédio próprio, que também já foi ameaçado de ser demolido.

Rosário lembra, que a direita de quem entra no prédio pela porta da frente,em ambos lados do corredor até seu final, as salas que até hoje existem foram destinadas para funcionar secretárias do município, que eram duas ou três, sala de trabalho para o Prefeito e as outras para abrigar as outras repartições da municipalidade, sendo que hoje, onde funciona o Departamento de Cultura até o fim do corredor compõe a construção original do prédio. 

“Quem construiu anexos na prefeitura foi o ex-prefeito Michel Thomé, cuja placa de inauguração da ampliação do prédio continua até hoje afixada em uma das paredes da ala ampliada. Por ser turno, como no saguão principal também funcionava a Câmara Municipal, cujas sessões eram como até hoje realizadas às terças – feiras, com o crescimento da cidade e instalação de serviços de secretária do serviço legislativo uma pequena área complementou o prédio. Esta área é justamente onde atualmente, funciona, acanhadamente, a sala do diretor de tributos da municipalidade.  
 
DESCONHECIMENTO -  Para Rosário Congro Neto, há um desconhecimento sobre a história da construção do prédio da antiga Prefeitura, assim como uma intenção deliberada em se aproveitar o terreno onde se encontra a edificação. Três Lagoas, lembra Rosário, por omissão jádeixou que parte de seu patrimônio histórico fosse demolida. Entre os prédios que foram para o chão ou descaracterizados, destaca a antiga estação ferroviária, o hotel Modelo,o prédio dos Correios, que teve toda a sua fachada modificada, várias fachadas de construções comerciais nas ruas João Carrato, Paranaíba, Oscar Guimarães, Monir Thomé. O diretor do JP ainda citou o prédio da casa que serviu de sede do Consulado Português, mas nada fizeram até hoje para recompor a sua arquitetura original.

“A história da cidade a cada dia que passa vai sendo reduzida a pó, sem contar, que vez ou outra, aparece um legislador municipal para mudar o nome de ruas que emprestaram no passado o nome de pessoas que realmente prestaram relevantes serviços à cidade, ao Estado e ao Brasil. Há um desencontro e um desconhecimento generalizado sobre a história de Três Lagoas, que precisa ser resgatada para garantir a memória da nossa gente”, arremata Rosário. 

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