Três Lagoas | Da redação/com JPTL | 27/09/2013 13h29

Número de doadores de medula óssea não chega a 3% no município

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Três Lagoas (MS) - Hoje foi um dia atípico no Núcleo de Hemoterapia de Três Lagoas. Pela manhã foram realizados três novos cadastros de doadores de medula óssea. O número foi considerado expressivo para a responsável pelo Setor de Medula Óssea da unidade, Vânia Nahas. De acordo com ela, a média mensal de cadastramento de novos doadores é de apenas dez ao mês, “quando muito, 15 novos doadores”.

Atualmente, explicou Vânia, o Núcleo de Hemoterapia possui três mil doadores cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redoma), índice considerado extremamente baixo para um município que, recentemente, bateu a marca de pouco mais de 109 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Considerando a população que temos, isso sem contar a flutuante, o ideal seria que realizássemos 300 cadastro aos mês. Não estamos nem perto disso. Em algumas semanas ficamos sem realizar um único cadastro de novo doador”.

Para se ter uma base da baixa procura, neste ano, estimasse que foram feitos 900 novos cadastros, praticamente irrisório levando-se em consideração as chances de se encontrar um doador compatível: proporção de uma a cada 100 mil.

Entretanto, os dados do Núcleo de Hemoterapia mostram que compensa arriscar. Mesmo com baixo índice de cadastrados, em Três Lagoas foram encontrados cinco doadores compatíveis. Em dois casos, a compatibilidade foi constatada no Registro Internacional de Doadores – um deles é de Bataguassu.

MEDO

O cadastramento de doadores de medula completou três anos em fevereiro desse ano. Em contrapartida, desde então, a coordenação do Núcleo de Hemoterapia vem realizando uma série de campanhas para tentar aumentar o número de cadastrados. Essas ações dão resultado momentâneo, mas ainda há muitas barreiras a serem vencidas. Entre elas, Vânia cita uma: o medo, diretamente aliado à falta de informação.

“Assim como aconteceu com a doação de sangue, em que foram anos, para mostrar que os doadores não perderiam os cabelos ou que o sangue não ‘engrossava’ depois da doação.

Temos que acabar com os medos que cercam a doação da medula óssea”, destacou.

Neste caso, os principais mitos a serem superados são o de que a medula é coletada na hora – na verdade, o cadastro é feito através de uma amostra de sangue; de que a medula é retirada da coluna (na verdade, a coleta é feita pela bacia) e que as pessoas podem perder os movimentos das pernas após a cirurgia. “Sempre brinco que ninguém vai ficar aleijado para salvar outra pessoa. Não existe isso. É medo que, infelizmente, leva-se anos para ser superado. Vou estar aposentada quando isso acontecer”, destacou.

Essa mudança pode estar relacionada às gerações futuras.

Segundo a responsável pelo cadastramento, hoje, são os jovens os mais decididos na hora de realizar o cadastro.

“Muitas pessoas vem até aqui em busca de informação, depois pedem um tempo para pensar e somem. Os jovens, não. Chegam decididos, até animados, para fazer o cadastro.

No ano passado, por exemplo, ficamos três dias na UFMS. Os universitários faziam fila para se cadastrarem”, destacou.

Porém, a coordenadora cita casos em que há interesse do doador e impossibilidade por parte da equipe. São os casos de pessoas com mais de 55 anos, impedidas de doar por conta da idade.

A campanha mais recente do Núcleo de Hemoterapia aconteceu em agosto, em parceria com a Igreja Nazareno, em que foram realizados 52 novos cadastros, durante evento no Centro de Referência em Educação e Assistência Social (Crase) “Coração de Mãe”.

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