Produção de grãos cresce e preços baixos diminuem rentabilidade
A produção de grãos e de carne bovina cresceu em Mato Grosso do Sul em 2017, mas o aumento dos custos somado a baixa remuneração dos produtos, exigiu do produtor rural um cuidado redobrado com a gestão do seu negócio para tentar reduzir os gastos e melhorar a rentabilidade.
O estado deve fechar 2017 com uma produção de carne bovina de 791 mil toneladas, 0,82% a mais que as 784 mil toneladas de 2016. Já a de carne de aves deve ter um incremento de 3,9%, passando de 401,7 mil toneladas para 417,6 mil toneladas e a de suínos de 7%, subindo de 135 mil toneladas para 144 mil toneladas.
“A bovinocultura de corte sofreu com acontecimentos fortuitos à demanda e oferta, o que agravou as condições do ambiente político-econômico e pressionou ainda mais os preços. O bom desempenho das exportações teve um papel importante para inibir uma queda ainda mais acentuada nas cotações, já que o consumo interno não foi expressivo”, explica o presidente do Sistema Famasul, Mauricio Saito.
Ela aponta que a avicultura teve um ano relativamente estável em razão do bom desempenho do consumo desta proteína no mercado interno e do volume de exportações. “Já a suinocultura registrou aumento de produção e de preços, demonstrando recuperação de perdas ocorridas em 2015 e 2016, anos de preços depreciados para o setor”, comenta.
Na contramão do crescimento da produção de proteínas de origem animal, seguiu a produção de leite, que deve contabilizar uma retratação este ano em comparação com o anterior de 12,6%, como o volume caindo de 270 milhões de litros para 236 milhões de litros.
“O maior impacto das condições ruins vivenciadas pela economia brasileira foi observado na atividade leiteira com queda expressiva no volume produzido e retração nos preços ao produtor”, ressaltou a analista técnica de economia do Sistema Famasul, Eliamar Oliveira.
Agricultura
Em 2017, as três principais culturas da agricultura sul-mato-grossense registraram recordes históricos de produção. A de soja cresceu nesta temporada 18,43%, passando de 7,241 milhões de toneladas para 8,575 milhões de toneladas. Já de milho, se recuperou da quebra registrada no ciclo anterior e teve um salto de 57,44%, de 6,270 milhões de toneladas para 9,871 milhões de toneladas; enquanto que a cana-de-açúcar contabilizou um incremento menor, mas também significativo, 3,3%, de 48,685 milhões de toneladas para 50,292 milhões de toneladas.
Para Mauricio Saito, “o ano de 2017 foi de recuperação no que se refere a produção de grãos em Mato Grosso do Sul”.
O analista técnico de economia do Sistema Famasul, Luiz Gama, avalia que “apesar do aumento do volume colhido, os preços registraram queda, em função, principalmente do recuo do dólar, que em 2017 esteve em média a R$ 3,18 contra R$ 3,48 em 2016”.
Preços refletem no valor da produção
Luiz aponta que a conjunção dos fatores do aumento da produção e queda dos preços fez com que o Valor Bruto da Produção (VBP) do estado caísse 2,01% entre 2016 e 2017, recuando de R$ 27,08 bilhões para R$ 26,54 bilhões. O VBP é um indicador da atividade calculado com base nos volumes de produção e preços médios da agricultura e pecuária do estado.
“A produção de milho cresceu neste ano em relação ao anterior, mas o preço do cereal foi em média 41,6% menor em 2017. Isso resultou em um VBP 7,2% menor neste ano. Na soja, a produção na safra 2016/2017 foi 18,43% maior que a do ciclo 2015/16, já o preço médio da saca neste ano foi 16,6% menor que o preço médio do ano anterior. Isso resultou em uma queda de 1,3% no Valor Bruto de Produção da oleaginosa nesta temporada”, detalhou.
Agronegócio se destaca nas exportações de MS
Em 2017, a agropecuária continuou a ser o destaque nas exportações de Mato Grosso do Sul. Cinco grupos de produtos do setor ou que utilizam matérias-primas do segmento lideraram o ranking estadual de faturamento com as vendas internacionais. Entre janeiro e outubro, o complexo soja, os produtos florestais, as carnes, o complexo sucroenergético e os cereais representaram 91,3% do total da receita exportada pelo estado.
O complexo soja, por exemplo, representou sozinho, com um resultado financeiro de US$ 1,403 bilhão, 36,17% dos US$ 4,108 bilhões em produtos que Mato Grosso do Sul embarcou para o exterior nestes dez meses de 2017.
No ranking nacional de exportações, o estado, no acumulado de cinco bimestres deste ano, figura entre os primeiros com a soja em grãos (quinta na relação), com os produtos florestais (quinto), com o milho (quarto), com a carne bovina (sexto), com a carne de frango (sexto) e com a carne suína (sétimo).
Entre os parceiros comerciais, a China se manteve ao longo do ano como principal comprador de itens “Made in MS”, representando 37,58% do total comercializado pelo estado. Na sequência aparecem a Itália, com 4,57%; Hong Kong, com 4,30%; a Holanda, com 3,90% e o Japão, com 3,43%.
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