Entrevistas | Da redação/ com Assessoria | 06/05/2016 14h02

Entrevista com Jair Bolsonaro, deputado federal do PSC

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Figura emblemática da política atual, o deputado Jair Bolsonaro concede entrevista na qual revela posições determinadas a temas polêmicos, e o MS EM DIA veicula essa material justamente no momento em que ele é algo de investigação do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, por ter homenageado na sua declaração de voto do impeachment o coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-CODI no Regime militar. Conheça mais sobre o parlamentar 'bom de briga' que tem como uma de suas principais bandeiras a Segurança Pública e uma luta um tanto assertiva contra a aprovação de leis que privilegiam apenas determinados grupos, como LGBTs, e descriminalização das drogas.

O PSC é um partido que se alicerça sobre princípios cristãos. O senhor é cristão? Compartilha dos mesmos ideais do PSC?

BOLSONARO -Sim, sou cristão, claro! O PSC me convidou para entrar na casa dele, isso pressupõe que o partido me conhece, sabe da minha índole e dos meus valores.
O que muda na sua vida política com a mudança de legenda? Muda apenas o meu empenho e determinação para 2018, pois o PSC me garantiu mais liberdade em relação às minhas pretensões políticas. Eu fui muito bem recebido no partido e entre os apoiadores da legenda, embora não seja evangélico, as igrejas desse segmento me veem com bons olhos, visto que eu defendo os valores que muitos deles defendem.

Existe um clamor social para a candidatura do senhor à presidência da República em 2018. Há esse interesse da sua parte e por parte do PSC?

BOLSONARO - O ponto principal da minha mudança para o PSC foram as nossas conversas sobre 2018, mas isso vai depender da aceitação da população em torno do meu nome. Se eu conseguir apoio suficiente, tenho legenda. Se não tiver, faremos o melhor para o partido. Eu sou apenas um recruta nessa briga de generais. Algumas declarações preconceituosas em relação às mulheres foram atribuídas ao senhor pela imprensa. Só para esclarecermos: o senhor acha desfavorável para o empregador contratar mulheres para trabalhar?Se é pra esclarecer... Eu dei uma declaração para um jornal e ela foi modificada. Bem, o que eu falei foi que hoje em dia a mulher ganha a mesma coisa que um homem. Se você presta um concurso público ou concorre a um cargo público qualquer, sendo um homem ou uma mulher, o salário é o mesmo. Na iniciativa privada, se alguém ainda acredita que existe uma diferenciação salarial, que essa pessoa apresente um projeto de lei para corrigir essa injustiça. Eu mesmo não acredito que isso ainda ocorra. Você acha que vou concordar com a ideia de pagar menos para a mulher só por ela ser mulher? Não, isso não é comigo. Sendo mulher ou homem, tendo competência para exercer a função, que seja remunerado de forma compatível e justa.

Qual a opinião do senhor sobre a descriminalização da maconha e outras drogas?
BOLSONARO - O que você acha de um moleque fumando maconha na sala de aula? A informação que eu tive de uma pessoa do Uruguai é que, com a liberação das drogas, elas foram para dentro da sala de aula. Se depender de mim, tem liberação de droga nenhuma. A própria Holanda já está revendo sua política com relação à venda de drogas nos cafés. Hoje eles já estão proibindo os estrangeiros de usar.

E sobre o aborto?
BOLSONARO - Com tantos métodos contraceptivos por aí, ainda temos que falar em aborto? Inclusive, temos um projeto que permite a laqueadura e vasectomia a partir dos 18 anos de idade. Portanto, é claro que sou contra o aborto.

E sobre o casamento entre homossexuais?
BOLSONARO - Para fins de proteção do Estado, a Constituição reconhece a união entre um homem e uma mulher como entidade familiar. Se alguém quiser apresentar uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para mudar isso e conseguir votos suficientes para aprová-la, ok, mas meu voto será contra.

O senhor é muito famoso nas redes sociais. A que atribui esse sucesso? O senhor acha que a ala tradicional da sociedade se sente representada por seus ideais?
BOLSONARO - Desde 1991, eu sou a mesma pessoa. Hoje os que me criticam já votaram comigo. Eu não mudei, eles mudaram. Eles são metamorfose ambulante... Não é uma questão de posicionamento, meu discurso sempre foi o mesmo. Quando se fala em segurança, você não pode ter pena de bandido, achar que ele tem outra chance. Porque se você dá a segunda chance pra bandido, ele mata teu filho. Tem algumas coisas que precisam ser modificadas no Código Penal, umas dependem do Congresso, outras da boa vontade do governo. Aí você vê o avanço da violência no país então, de repente, meu discurso começa a fazer sentido, acho que pode ser isso.

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