Presídios são monitorados em Mato Grosso do Sul
Um conflito entre as duas maiores facções criminosas do Brasil deixou ao menos 25 mortos em três unidades prisionais da região norte no final de outubro. A “guerra sangrenta” entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) que até o momento está restrita a presídios deixou em alerta os 26 estados e o Distrito Federal.
Segundo publicado na revista Época, em setembro passado, a cúpula do PCC, detida na Penitenciária de Presidente Venceslau (SP) enviou uma carta, possivelmente transportada por algum advogado ou visitante, às prisões brasileiras dominadas pela facção. Nela, os presos declararam guerra à organização carioca Comando Vermelho, antiga aliada e parceira comercial. A ordem também foi transmitida por telefone às unidades sem bloqueador de celular – “no ar”, na gíria do crime. A facção justifica que os ataques são consequência de uma suposta traição do Comando Vermelho que teria feito alianças com inimigos do PCC.
Em Mato Grosso do Sul, até o momento órgãos de segurança pública não registraram ocorrências que possam estar vinculadas a disputa entre as organizações criminosas.
De acordo com Ailton Stropa Garcia, diretor-presidente da Agepen(Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), a GISP (Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário) está monitorando minuto a minuto, todas as unidades prisionais de MS para evitar um possível confronto entre as facções rivais.
Garcia informou que não foram interceptados pela Inteligência, “salves” nos presídios de Mato Grosso do Sul. E se caso for detectado algum problema, serão tomadas providências pontuais.
O diretor explicou que em Três Lagoas, assim como em outras unidades do Estado o clima é de aparente tranquilidade e momentaneamente todas estão sob controle.
REI DO TRÁFICO
O promotor Lincoln Gakiya, do GAECO (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado) de Presidente Prudente (SP), considerado um dos principais especialistas na facção, em entrevista ao site Exame.com, disse que a morte do narcotraficante Jorge Rafaat Toumani no mês de junho, em Pedro Juan Caballero, foi atribuída ao PCC. Em razão disso, estão fazendo agora essa alusão de que essa guerra entre as facções pode estar relacionada ao controle do tráfico na fronteira.
Gakiya esclareceu que tanto o assassino quanto o suposto mandante faziam negócio com as duas partes, eles eram fornecedores tanto do PCC quanto do Comando Vermelho. O promotor não tem nenhum indício de investigação ou em documentos apreendidos ou por meio de informantes de que haja alguma correlação entre essa guerra do CV e do PCC com uma eventual disputa territorial na fronteira do Brasil com Paraguai e Bolívia.
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