Avanço da Leishmaniose preocupa autoridades de Três Lagoas
Este ano, em Mato Grosso do Sul, 23 pessoas já morreram por causa da leishmaniose, três a mais do que no ano passado. Em Três Lagoas fora duas mortes em quatro casos confirmados de leishmaniose visceral e dois de leishmaniose tegumentar. No Estado já foram notificados cerca de 200 casos. O avanço da doença em Mato Grosso do Sul está diretamente ligada a duas situações muito comuns: o lixo espalhado em local indevido e a falta de prevenção em cães e gatos.
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) permitiu que clínicas veterinárias tratassem animais com leishmaniose. A decisão contraria a recomendação do Ministério da Saúde, que indicava o sacrifício de cães e gatos diagnosticados com a doença como única medida eficaz.
Segundo o coordenador de educação da Secretaria Municipal de Saúde de Três Lagoas – Fernando Garcia de Brito, são sacrificados de 300 a 350 cachorros/mês pelo Controle de Zoonose do município.
Brito explicou que há uma verdadeira mobilização no combate à doença e a mobilização consiste na intensificação das ações, “que realizamos continuamente junto à população, por meio das nossas equipes de Agentes Comunitários de Saúde, Agentes de Combate a Endemias e de Educação em Saúde e do CCZ – Centro de Controle de Zoonoses”, ressaltou.
Na mobilização contra a Leishmaniose, a equipe de Educação em Saúde estará percorrendo Escolas, Igrejas, Associações de Moradores e outras entidades “para conscientização da responsabilidade que todos temos na luta contra a doença”, informou.
Juntamente com as palestras, a equipe também estará distribuindo panfletos educativos, para orientar e ampliar os conhecimentos sobre a Leishmaniose, sintomas no homem e nos cães e, “principalmente, os cuidados que as pessoas devem ter com a limpeza de seus quintais, não deixando armazenar folhas, frutas caídas no chão, madeira velha e outros tipos de materiais em decomposição, propícios à formação de criadouros do mosquito, vetor da doença”.
Por sua vez, a equipe do Setor de Controle de Vetores está fazendo o trabalho de borrifação no combate ao vetor da Leishmaniose Visceral. “Um dos grandes problemas é que a população não vem colaborando, em algumas casa há a recusa da borrifação e já estamos com notificações judiciais do promotor de justiça Fernando Lanza, já que o morador pode responder por crime de fomentar empidemia.
Além dessa programação, a equipe de Controle de Vetores, ao tomar ciência do registro de casos positivos de Leishmaniose, de imediato é convocada para borrifação do local e num raio de nove quadras.
CONTROLE DE ZOONOSES
A equipe do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), coordenada pelo médico veterinário Antônio Luiz Teixeira Empke, também tem participação importante contra a leishmaniose.
A DOENÇA
Conforme consta em amplo material de educação e divulgação dos Órgãos Públicos de Saúde (municipais, estaduais e Ministério da Saúde), a Leishmaniose é causada “por um protozoário e os cães podem ficar infectados por vários anos sem apresentarem sinais clínicos. Estes animais são fontes de infecção para o inseto transmissor, e, portanto, um risco à saúde pública”.
A única forma para diagnóstico seguro da doença e não confundi-la com outras é por meio de exames laboratoriais específicos. Normalmente, quando os cães são contaminados por Leishmaniose apresentam os seguintes sintomas: apatia, lesões de pele, queda de pelos (inicialmente ao redor dos olhos e nas orelhas), emagrecimento, conjuntivite e crescimento anormal das unhas.
Se o mosquito palha ou birigui, como é conhecido, picar o animal contaminado, ele pode também transmitir a doença às pessoas. A transmissão da doença somente se dá através da picada do mosquito fêmea.
Os principais sintomas da Leishmaniose Visceral Humana são: febre contínua com semanas de duração, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, anemia, palidez, aumento do baço e do fígado, comprometimento da medula óssea, problemas respiratórios, diarreia e sangramentos na boca e nos intestinos.
Além da Visceral, a Leishmaniose em humanos também pode manifestar-se de forma Tegumentar, “conhecida popularmente pelos nomes: “úlcera de bauru”, “nariz de tapir” e “ferida brava”, e caracteriza-se por apresentar feridas indolores na pele ou mucosas do indivíduo afetado”, como explica o médico Drauzio Varela. “Ao ferroarem um indivíduo, este pode desenvolver a ferida em cerca de dez dias a três meses, caso o vetor esteja sendo hospedeiro desses protozoários. A lesão terá suas características influenciadas pela espécie do Leishmania e condições imunológicas da pessoa, ocorrendo frequentemente nas regiões do corpo descobertas pela roupa”, orienta Drauzio Varela.
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